segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Ponto de Cultura Ventre Livre

Ponto de Cultura
São iniciativas desenvolvidas pela sociedade civil que, após seleção por edital público, firmam convênio com o Ministério da Cultura, e tornam-se responsáveis por articular e impulsionar ações culturais já existentes nas comunidades. Atualmente, existem mais de 650 Pontos de Cultura espalhados pelo país. Mais informações: http://www.cultura.gov.br/.

Ventre livre
Através de um acordo firmado entre o Ministério da Cultura e Ministério da Saúde, no final de 2008, o Grupo Hospitalar Conceição (GHC) selecionou 10 propostas de Pontos de Cultura nos territórios onde o GHC atua na cidade. O Ventre Livre é uma dessas propostas e vai desenvolver atividades na Vila Jardim com o apoio do Posto de Saúde Divina Providência pelo período de 3 anos.

SOBRE: PONTO DE CULTURA VENTRE LIVRE

Trata-se de um projeto na interface entre arte e saúde: a arte proporcionando espaços de diálogo, relativização de discursos e humanização de relações. O foco do projeto do Ponto de Cultura VENTRE LIVRE é a saúde da mulher, em especial as questões relacionadas à gravidez.
O Ponto de Cultura será desenvolvido no Território adstrito à Unidade de Saúde Divina Providência através da criação de uma equipe interdisciplinar, da criação do Grupo de Vídeo (com mulheres jovens e adolescentes moradoras do território) e da integração do Grupo Amigos da Saúde e do grupo Artebela (1) no projeto.

Durante o processo de construção do planejamento participativo da USDP em assembléia comunitária, foi tirado como meta desenvolver ações intersetoriais através da captação de projetos sociais e culturais. Assim, o Ponto de Cultura surge como uma via alternativa de relação entre a Unidade de Saúde e a comunidade.

Parte do pressuposto que a democratização do acesso à arte e ao conhecimento artístico contribui expressivamente com a diminuição de desigualdades sociais, incluindo o acesso à saúde integral.
O público diretamente atingido pelo projeto é composto de moradoras do território da USDP: população de baixa renda, jovem em sua maioria e em situação de vulnerabilidade social. Os principais problemas de saúde da localidade são: drogadição, alcoolismo, hipertensão, AIDS, violência urbana e doméstica.

O projeto é organizado de modo ampliar o público atingido, a partir do compartilhamento das experiências geradas no Ponto com moradores dos demais territórios abrangidos pelo GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO (GHC).

1. O grupo Amigos da Saúde surgiu há três anos com a idéia de trabalhar educação em saúde com usuários hipertensos e diabéticos, e atualmente acolhe pessoas da comunidade que não necessariamente tenham doenças crônicas. Iniciam com atividades de alongamento e relaxamento para estimular a prática de exercícios físicos no cotidiano dos participantes e seguem com uma roda de conversa sobre temas diversos. No início de cada ano é realizada a escolha dos temas que serão desenvolvidos através da dinâmica “árvore de idéias”. Dentre os assuntos trabalhados estão: relacionamentos; violência; diabetes; plantas medicinais; sexualidade; direitos sociais; e direitos da mulher. Como forma de possibilitar aos participantes vivenciar espaços de lazer e contato com a natureza, também são realizadas atividades tais como: oficina de gastronomia; oficina de teatro e de dança; idas ao cinema; comemorações festivas e passeios. O acompanhamento clínico dos integrantes do Grupo é realizado, de forma sistemática, através da medida da pressão arterial, glicemia e peso de acordo com a necessidade de cada um.

O Artebela é um grupo de arte-terapia e geração de renda. Através de atividades artesanais, além de aprender técnicas de artesanato, as usuárias têm a possibilidade de criar um espaço de convivência e de trocas de vivências. A geração de renda advinda do artesanato proporciona as mulheres, uma estratégia de complementar a renda familiar, o que lhes estimula a auto-estima e a autonomia.

Ambos os grupos são compostos por praticamente as mesmas participantes e possuem articulação entre si. O Ponto de Cultura poderá qualificar as condições do trabalho já existente e agregar atividades (oficinas de dança, cultura digital e audiovisual), assim contribuindo para capacitar as suas integrantes para uma atuação ainda mais efetiva e positiva na comunidade. A partir de atividades de integração destes grupos com o Grupo de Vídeo, formado por adolescentes, o projeto vai trabalhar em uma perspectiva transgeracional, onde as histórias dessas mulheres possam refletir acerca dos significados e percepções sobre o papel da mulher na sociedade contemporânea.

A proposta do Ponto de Cultura VENTRE LIVRE tem como especificidade a aposta na arte contemporânea de qualidade como propulsora de construção de pensamento e relações humanizadas. Assim, o projeto nasce do GRÁVIDA, um espetáculo de dança contemporânea com reconhecido mérito artístico.

Também aposta no trabalho de especialistas em interação, criando interfaces e interdisciplinaridade, integrando sem homogeneizar e promovendo novas relações.
Na contramão da homogeneização das culturas, pretendida pela “ideologia neoliberal”, o projeto empodera mulheres na medida que esclarece e propõe uma relação mais amorosa com o próprio corpo.

Como uma via alternativa à lógica de mercado, o Ponto de Cultura VENTRE LIVRE propõe a solidariedade: o trabalho em equipe, rodas de diálogo, discussão e reflexão da apreciação artística. Promove a integração sem competição e a cooperação entre as pessoas que formam as comunidades, unidades de saúde, hospitais e escolas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

(1) Criar um grupo de produção de vídeo e cultura digital formado por mulheres jovens e adolescentes moradoras do território da Unidade de Saúde Divina Providência;
(2) Qualificar as ações já existentes do Grupo Amigos da Saúde e Artebela da USDP, formado por moradoras do território da Unidade e promover a integração destas com o trabalho que será desenvolvido com as adolescentes, numa perspectiva transgeracional;
(3) Capacitar e estimular o Grupo de Vídeo, O Grupo Amigos da Saúde e Artebela a produzir ferramentas de difusão das experiências realizadas pelo Ponto de Cultura – vídeo-documentário, site, fotografia, entre outros – com utilização de software livre;
(4) Capacitar e estimular o Grupo de Vídeo a produzir filmes (documentários ou ficcionais) com temas relacionados à saúde da mulher incentivando as participantes das ações do Ponto buscarem seu empoderamento, autonomia e transformações em suas vidas;
(5) Realizar apresentações gratuitas do espetáculo de dança-teatro GRÁVIDA para o Grupo Hospitalar Conceição: hospitais e comunidade abrangida pelo SSC, nas Unidades de Saúde e em escolas;
(6) Contribuir com o fomento da produção de dança contemporânea gaúcha e com a manutenção do GRÁVIDA, um espetáculo com reconhecido mérito artístico;
(70) Promover espaços para expressão e sensibilização sobre as questões gênero e sobre a subjetividade da mulher contemporânea, a partir do contato com a linguagem artística – dança, foto, vídeo e teatro;
(8) Contribuir com as metas do planejamento participativo da USDP, situada no Bairro Vila Jardim;
(9) Contribuir com a “Política Nacional de Atenção à Saúde da Mulher”, em especial com políticas públicas de planejamento familiar e gravidez na adolescência através do tratamento dos temas em enfoque humanista e artístico e numa perspectiva de saúde integral;
(10) Contribuir com a democratização do acesso à arte contemporânea, ao conhecimento artístico e ao conhecimento de cultura digital.

TERRITÓRIO DE ATUAÇÃO E PÚBLICO ALVO

O Ponto de Cultura será implantado no Território da Unidade de Saúde Divina Providência (SSC) do grupo GHC, situada no Bairro Vila Jardim, em Porto Alegre.
A comunidade pertencente à área de abrangência da Unidade é predominantemente jovem, possui baixo poder aquisitivo, com altos níveis de desemprego e sub-emprego. O território tem seu cotidiano atravessado pela violência social e pelo comércio ilegal de drogas. Apresenta alto índice de carência sócio-econômica e de vulnerabilidade social, intensificadas, hoje, pela disseminação do craque. Os principais problemas de saúde da localidade são: drogadição, alcoolismo, hipertensão, AIDS, violência urbana e doméstica. A USDP é a principal referência institucional para a comunidade, em função disto, a equipe multiprofissional tem sentido a necessidade de incorporar ações sociais e culturais em suas atividades. Durante o processo de construção do planejamento participativo da USDP em assembléia comunitária, foi tirado como meta desenvolver ações intersetoriais através da captação de projetos sociais e culturais. Assim, o Ponto de Cultura surge como uma via alternativa de relação entre a Unidade de Saúde e a comunidade.

AÇÕES INTEGRADAS E EM ACORDO COM AS DIRETRIZES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE E DA SECRETARIA ESPECIAL DA MULHER

Além de contemplar as necessidades pontuais da unidade Divina Providência, o Ponto de Cultura VENTRE LIVRE se constituirá como um núcleo de pensamento e geração de experiências capazes de inserir a discussão sobre gênero e sobre atenção integral na saúde da mulher em todo o Serviço de Saúde do GHC. Para tanto, este projeto foi apresentado à Coordenação da Atenção da Mulher no Serviço de Saúde Comunitária, que mostrou extremo interesse na proposta.
Ainda, o VENTRE LIVRE será um Ponto de referência para ampliar esta discussão em todo o país e integrar as demandas do Brasil em relação às carências em arte, saúde, educação e discussão de gênero.

Como vem de um projeto artístico, tem em seu cerne a articulação interdisciplinar. Assim, a proposta para o Ponto de Cultura apresenta alternativas para as metas do Ministério da Saúde, como também da Secretaria Especial da Mulher.

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher apresenta o compromisso com a implementação de ações e serviços de saúde que contribuam para a garantia dos direitos humanos das mulheres, os direitos sexuais e os direitos reprodutivos. Propõe incorporar o enfoque de gênero, a integralidade e a humanização da atenção à saúde e enfatiza a importância do empoderamento das usuárias do SUS e a participação das mulheres nas instâncias de controle social. Propõe a realização de ações educativas que “devem estimular mulheres e homens, adultos(as) e adolescentes, ao auto-conhecimento e ao auto-cuidado, fortalecendo a auto-estima e a auto-determinação, contribuindo, dessa forma, para o protagonismo e autonomia desses sujeitos”.

OS SIGNIFICADOS DO NOME: VENTRE LIVRE

Traz uma dimensão utópica para a gravidez. Marca a possibilidade de transformação na relação entre gerações. Destaca a arte e a educação como modo de alcançar a liberdade de escolha e o usufruto dos direitos humanos. Liberdade para viver o próprio corpo e ser feliz. Não deixa esquecer que a desigualdade social no Brasil também foi construída por anos de escravidão e que hoje ainda está vinculada às barreiras sociais geradas pelo racismo.

BENEFÍCIOS PRODUZIDOS

CULTURAIS: (1) Democratização do acesso à arte contemporânea, ao conhecimento artístico e ao conhecimento de cultura digital; (2) Acesso da comunidade do Território da Unidade de Saúde Divina Providência a procedimentos e materiais de expressão; (3) Qualificação do trabalho já desenvolvido pelo Grupo Amigos da Saúde e Artebela; (4) Ampliação de horizontes artísticos e pessoais dos membros dos grupos, devido à troca de experiências proporcionadas pela Rede de Pontos de Cultura; (5) Capacitação e formação sócio-cultural de integrantes do Grupo de Vídeo; (6) Desenvolvimento de criação artística à margem da lógica da mercadoria; (7) Fomento da produção de dança contemporânea gaúcha.

SOCIAIS: (1) Integração entre as políticas de saúde e de cultura; (2) Contribuição com a “Política Nacional de Atenção à Saúde da Mulher”, em especial com políticas públicas de planejamento familiar e gravidez na adolescência, numa perspectiva de saúde integral; (3) Resgate de adolescentes que estão envolvidas no tráfico e em situação de violência; (4) Promoção de espaços para expressão e sensibilização sobre as questões gênero e sobre a subjetividade da mulher contemporânea; (5) Inserção na cultura digital, contribuindo para a superação de desigualdades e exclusão social.

ECONÔMICOS: (1) Maior acesso à informação, ao conhecimento e a técnicas que ampliam a qualificação para o trabalho das integrantes do Grupo de Vídeo; (2) Qualificação das atividades de geração de renda do Grupo Artebela.


IDADE - PÚBLICO DIRETAMENTE ATENDIDO PELAS ATIVIDADES:
1. Grupo de Vídeo: de 12 a 24 anos
2. Grupo Amigos da Saúde e Arte Bela: de 40 a 70 anos
3. Apresentações do espetáculo, debates e mostras do vídeo-documentário: acima dos 12 anos
4. Profissionais da saúde que participarão do Ponto de Cultura e das atividades propostas pelo mesmo: acima dos 22 anos.

IDADE - PÚBLICO INDIRETAMENTE ATENDIDO PELAS ATIVIDADES:
Todas as idades

GRAU DE ESCOLARIDADE - PÚBLICO DIRETAMENTE ATENDIDO PELAS ATIVIDADES:
1. Grupo de Vídeo: Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos.
2. Grupo Amigos da Saúde:Ensino fundamental incompleto.
3. Apresentações do espetáculo, debates e mostras do vídeo-documentário: Ensino Fundamental, Médio e Educação de Jovens e Adultos.
4. Profissionais da saúde que participarão do Ponto de Cultura e das atividades propostas pelo mesmo: ensino superior, residência e pós-graduação.

GRAU DE ESCOLARIDADE - PÚBLICO INDIRETAMENTE ATENDIDO PELAS ATIVIDADES:
Todos os graus de escolaridade

QUANTIDADE - PÚBLICO DIRETAMENTE ATENDIDO PELAS ATIVIDADES:
1. Grupo de Vídeo: 30
2. Grupo Amigos da Saúde e Artebela: 15
3. Apresentações do espetáculo, debates e mostras do vídeo-documentário: 3.000
4. Profissionais da saúde que participarão do Ponto de Cultura e de atividades propostas pelo mesmo: 70

QUANTIDADE - PÚBLICO INDIRETAMENTE ATENDIDO PELAS ATIVIDADES:
1. Moradores do Território da USDP: 6.000
2. Moradores dos demais Territórios do SSC do GHC: 125.000
3. Trabalhadores e colaboradores do GHC: 7.000

sábado, 20 de dezembro de 2008

Reforma Agrária no RS: A conquista de Caiboaté

Quinta-feira, 18 de dezembro de 2008. Cedo, mas não tão cedo.
Partimos da cidade de São Gabriel em direção à Southall. Para lá rumavam centenas de pessoas para enfim terminar uma marcha interrompida em 2005 pela Ministra e então presidente do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie. Desde domingo esse grupo veio caminhando até São Gabriel desde o ponto do interrupto jurídico, o município de Santa Margarida do Sul. Hoje, completariam a jornada, descerrariam os cadeados da porteira da Southall e tomariam aquilo que sempre lhes foi de direito: a terra - a NOSSA terra!
Pronto, chegamos.



- mais no blog A CONQUISTA DE CAIBOATÉ

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Estamos na Southall!

Domingo, 5 horas da manhã. Escuro, muito escuro. Foi nesse horário que começamos nossa jornada ao acampamento do MST em Nova Santa Rita para acompanhar 3 ônibus que seguiriam à Southall. 3 ônibus cheios de esperanças, de uma certa apreensão, inclusive, de se perceber que aqueles 400 quilômetros seriam os mais longos da vida de muita gente.

Chegamos às 6h no acampamento às margens da BR-386. Todos já estavam prontos. Pertences empacotados, bichos de estimação, porcos, galinhas, mudas de plantas, tudo preparado para a viagem da conquista, do eldorado de pessoas que passaram na lona preta batalhando por 2, 3, 5 anos.

O chimarrão rola de mão em mão, as despedidas são muitas, a rádio-poste faz o chamamento e saúda agora aquelas famílias que deixariam de ser acampadas e passariam a se denominar, então, com um novo substantivo de vida, seriam ASSENTADOS.
Sorrisos, lágrimas, abraços... Felicidade!
Partiram sem olhar para trás, atravessando a porteira e mirando o horizonte, rumo ao sudoeste gaúcho, rumo a São Gabriel.

Neste município o Incra pretende assentar em 5 áreas cerca de 600 famílias. Especula-se um acréscimo de mais ou menos 3 mil pessoas na população da cidade, que é de 60 mil habitantes - um salto de 5%! É gente suficiente para modificar o panorama social, econômico e político do lugar.

Muitos se escabelam com essa possibilidade, outros se regorjizam, porque a Southall fica em uma área literalmente abandonada de São Gabriel. Há apenas uns 3 quilômetros de uma estrada boa, com ciclovia, inclusive, e depois só buraqueira e pontes temporárias permanentes. É bem provável que aquele lugarejo venha se tornar movimentado e que atraia mais a atenção do poder público, estruturando ainda mais a vila e movimentando o pequeno comércio local.

São conseqüências óbvias, benéficas para o município, mas muito mais está por vir. A Southall é simbólica, um marco na luta pela Reforma Agrária. Momentaneamente, Incra, MST e os envolvidos na luta se entusiasmam pensando no dia 18, no evento que dará a posse das áreas às famílias a serem assentadas, um dia que promete.

Estamos aqui para registrar tudo, e o faremos. Abaixo algumas fotos dessa primeira etapa, alguns momentos que certamente se eternizarão em nossas mentes e corações.




















As fotos são de Rafael Corrêa.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Domingo, rumaremos a São Gabriel!

Neste domingo eu e meu colega Rafael Corrêa iniciaremos uma empreitada de 4 dias acompanhando as famílias do MST que irão receber as terras desapropriadas pelo INCRA em São Gabriel.
A área mais importante e que contará com evento de entrega de posse às famílias no dia 18 é a da famosa Southall. Eleita área símbolo, teve metade de seus quase 10 mil hectares direcionados ao processo de Reforma Agrária na região.
Ao todo, serão 602 famílias assentadas em mais 4 áreas além da Southall em São Gabriel, o que promete modificar sensivelmente a economia e o panorama político do município.
Nos primeiros meses de 2007 estivemos também viajando o Rio Grande do Sul inteiro, conhecendo acampamentos e assentamentos. Vimos de perto como se encontrava o entrave na Southall, com pressão forte de ruralistas e com a brigada militar fazendo as vezes de milícia do agronegócio. A situação no município era tensa.
Finalmente o dono daquela grande área não suportou as pressões de seus credores e cedeu ao INCRA nas negociações de metade de sua área. Provavelmente muito do dinheiro aplicado ali já deva estar retornando, inclusive, aos cofres públicos enquanto o cidadão procura limpar o seu sujíssimo nome na praça.
Quem não gostou nem um pouco foram os brutamontes da Farsul, que estão indignados com o Sr. Southall e devem estar babando de raiva pelas zonas do alto meretrício da fronteira sudoeste do estado.
Vai ser uma experiência sensacional, sem sombras de dúvidas, coroando um final que pleiteávamos presenciar e registrar desde que iniciamos nosso trabalho com o movimento em 2007. Vimos surgir acampamentos, vimos áreas de assentamento de 1, 3, 7, 13 e 17 anos. Presenciamos a transformação da terra, a prova viva de que a Reforma Agrária se não é "a" solução para o Brasil, é uma das principais. Agora, vamos ver a entrega de uma área, a felicidade daquelas famílias que irão receber o seu lote e vamos conversar sobre as suas perspectivas de futuro, sobre como foi o seu período de luta, suas esperanças. Enfim, um belo "final feliz" de uma história que recém está começando.
Coisas da Catarse...

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008


Para assistir imagens da reportagem-cinematográfica Tempo de Pedra, clique aqui.